30 de abr. de 2011

DOUGLAS ADAMS - O GÊNIO!


Para muitos leitores, Douglas Adams pode ser “apenas” o cara para quem Richard Dawkins dedicou seu livro mais famoso e polêmico, Deus, um Delirio. Para outros, pode ser “somente” o escritor britânico autor da série de ficção científica O Guia do Mochileiro das Galaxias. Porém Douglas Adams se tornou um verdadeiro “nó” da cultura pop: ao mesmo tempo em que ele fez referência a vários artistas em suas produções – que inclui todo tipo de mídia – outros artistas deixam claro a influencia que receberam do escritor nascido em Cambridge.
A dedicatória feita por Dawkins é acompanhada de uma frase retirada do primeiro livro de Douglas Adams e sintetiza perfeitamente os pontos em comum da produção desses dois autores: “Não basta apreciar a beleza de um jardim, sem ter que imaginar que há fadas nele?”. Richard Dawkins ainda cita o amigo, sempre de forma pontual, mas com uma ponta dolorida de saudade, em O Relojoeiro Cego e A Grande História da Evolução. Não a toa. Dawkins foi apresentado àquela que seria sua futura esposa, Lalla Ward, pelo próprio Adams.

Muitos personagens e passagens do Guia do Mochileiro ganharam destaque especial ao longo do tempo. É o caso do número 42.  Se você não está entendendo, por favor, leia os livros o quanto antes! O 42 pode mudar vidas completamente. Garanto que ele vai, no mínimo, te surpreender. Diz-se que Douglas Adams escolheu justo esse número para tamanha, digamos, responsabilidade, pois foi aos 42 anos de idade que se tornou pai. Sem contar que no dia de seu quadragésimo segundo aniversario ele foi convidado por seu amigo, David Guilmour , guitarrista do Pink Floyd, a tocar duas musicas junto com a banda numa apresentação em Londres. Adams também teria se inspirado no Pink Floyd na criação da banda “Disaster Area”. Talvez alguns de vocês já saibam que a musica Paranoid Android, do Radiohead, se baseou num dos personagens mais famosos de Adams, Marvin , o tragicômico robô depressivo.
Ao longo dos livros de o Guia do Mochileiro, Adams ironiza nossa existência pequena e passageira com um humor totalmente inigualável.  Em o Restaurante no Fim do Universo, por exemplo: “Sabe-se que há um número infinito de mundos, simplesmente porque há um espaço infinito para que os haja. Todavia, nem todos são habitados. Assim, deve haver um número finito de mundos habitados. Qualquer número finito dividido pelo infinito é tão perto de zero que não faz diferença, de forma que a população de todos os planetas do Universo pode ser considerada igual a zero. Daí segue que a população de todo o Universo também é zero, e que quaisquer pessoas que você possa encontrar de vez em quando são meramente produtos de uma imaginação perturbada.”
Essa visão aguda da nossa presença no Cosmos tem muito a ver com postura cética de Douglas Adams. Ele se autodenominava um ateu radical: “Estou convencido de que Deus não existe”  disse certa vez. Ao longo de seus livros, ele trata a religião assim como o faz com política ou burocracia: combinando humor escracho-refinado com critica sarcástica. O resultado não é engraçado. É Hilário. Muito hilário, na verdade. Deus aparece como um personagem “meio domesticado” no segundo livro da série e Sua divina Mensagem Final para Criação é revelada no quarto, e eu arrisco a dizer que a tal mensagem é até bem pertinente. Muitos podem considerar que Douglas Adams cita Jesus de forma completamente irônica na primeira pagina de o Guia do Mochileiro. Eu não acho. Quando ele diz “quase dois mil anos depois que um homem foi pregado num pedaço de madeira por ter dito quer seria ótimo se as pessoas fossem legais umas com as outras para variar” não está sendo justamente cristão?
por:  Rayssa Gon

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